O senador Roberto Freire apresentou projeto de lei que acaba com a  prerrogativa da prisão especial para os detentores de curso superior. Para ele,  esse tipo de prisão "é um abuso, porque é um privilégio".
 Segundo o senador, o projeto é bastante atual, já que está sendo apresentado  no momento em que se aprova a Lei de Responsabilidade Fiscal, com punições mais  rigorosas para quem faz mau uso do dinheiro público.
 O texto especifica os casos em que é necessário o cumprimento da pena em  dependência separada. Freire afirma que "são situações em que a permanência na  prisão comum traria aos presos risco de vida ou à sua integridade física".
 O parlamentar pediu ao plenário do Senado a aprovação de seu projeto que,  segundo ele, já foi examinado pela Casa anteriormente e quase aprovado.
 ...........
  O direito a prisão especial para quem tem curso superior completo, padres,  pastores e bispos evangélicos pode estar com os dias contados. A Comissão de  Constituição e Justiça do Senado aprovou, na quarta-feira (11/3), Projeto de Lei  Complementar que põe fim a este direito. O projeto, agora, segue para votação no  Plenário do Senado. Se aprovado, volta para a Câmara dos Deputados por conta das  alterações no projeto inicial. A CCJ aprovou um substitutivo mais rigoroso  do senador Demóstenes Torres (DEM-GO).  Clique aqui para ler o projeto
 A proposta mantém a prisão especial para ministros de Estado, governadores,  senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos, vereadores, membros das  Forças Armadas, juízes, delegados, membros do Ministério Público, da Defensoria  Pública, membros dos tribunais de Contas e, também, de pessoas que já  colaboraram com o Estado na função de jurado.
 O projeto é resultado de uma proposta elaborada há nove anos, ainda no  governo FHC, por uma comissão de juristas criada pelo Executivo. O objetivo é  sistematizar e atualizar o tratamento da prisão, das medidas cautelares e da  liberdade provisória, com ou sem fiança. "Principalmente com a finalidade de  superar as distorções produzidas no Código de Processo Penal com as reformas  que, rompendo com a estrutura originária, desfiguraram o sistema", diz o projeto  aprovado pela CCJ, que teve 10 emendas apresentadas, todas pelo senador Álvaro  Dias, mas apenas uma acatada.
 O texto prevê também aumento nos valores de fiança para quem cometer crimes  financeiros: o juiz poderá fixar fiança máxima de R$ 93 milhões. O projeto  estabelece também a necessidade de a prisão ser comunicada ao Ministério  Público, além de aumentar de 70 para 80 anos a idade para que uma pessoa possa  cumprir pena em prisão domiciliar.
 O senador Demóstenes Torres falou à revista Consultor Jurídico que o  projeto é muito mais que restrição à prisão especial. De acordo com ele, o PLC  veio para corrigir imperfeições na lei. O senador explicou que a prisão especial  para pessoas com curso superior e representantes religiosos só existe aqui no  Brasil e está na hora de acabar com essas exceções.
 Questionado sobre o motivo de manter a exceção apenas para ministros,  policias, políticos, entre outros, Demóstenes explicou que é para preservar a  integridade física dessas pessoas, evitando possíveis linchamentos. "Já pensou  prender um policial militar junto de um preso que ele mesmo ajudou a colocar na  cadeia"?, exemplificou o senador.
 O advogado Eduardo Mahon classificou como infeliz a proposta do  senador. Para ele, não parece crível que, diante de uma crise de credibilidade  política, haja coragem para chegar a tanto. Mahon destacou que, no Brasil, não  há prisão especial. "O que há são salas de repartições adaptadas, prisões  provisórias onde se reúnem os maganos e o resto da massa carcerária que não  consegue dormir num mesmo cubículo porque, todos juntos, tomam mais espaço do  que a metragem quadrada das celas."
 O advogado acrescentou que a prisão provisória deveria ser, por si só,  especial. Hoje, segundo ele, não há qualquer diferença entre a detenção  provisória e os locais de execução de pena, afora um ou outro caso de  penitenciária 'tipo exportação'.
 Para Mahon, o projeto despreza todas as profissões, como "médicos,  engenheiros, sociólogos, contadores, jornalistas, em detrimento da classe mais  desacreditada da nação: o político".
 http://www.conjur.com.br/2009-mar-12/ccj-senado-aprova-fim-prisao-especial-quem-curso-superior
 http://conjur-s2.simplecdn.net/dl/projeto-lei-11108.pdf
 .....
 Tarso defende fim da prisão especial para quem tem curso  superior 
 O ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu nesta quinta-feira o  fim da prisão especial para quem tem curso superior completo. O ministro  afirmou que concorda com a medida, mas alerta que para implementação da proposta  serão necessárias mudanças no sistema prisional brasileiro. Segundo Tarso, o  Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) já prevê  melhorias no sistema. 
 - É correta (a proposta), desde que venha acompanhada de um novo sistema  prisional. É preciso que o sistema melhore, qualifique e humanize - disse o  ministro. 
 Em entrevista à rádio CBN na manhã desta quinta-feira, o senador Demóstenes  Torres (DEM-GO) e o deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) discutiram o projeto, que  vai agora para votação no plenário do Senado. Segundo Demóstenes, autor do  substitutivo, o que ficou mantido foi o que está previsto na legislação  tradicional e internacional: presidente da república, ministros de Estado,  governadores, parlamentares, entre outros, têm direito a ficar em  estabelecimento separado durante o processo. Mas, para Itagiba, é necessário ir  além. 
 O Globo