sábado, 20 de junho de 2009

Bric. A sigla da diversidade de quatro nações: Brasil, Rússia, Índia e China

Como um dos países mais pobres do mundo conseguiu se tornar uma das estrelas do capitalismo globalizado

Dois anos atrás, os economistas do banco de investimentos Goldman Sachs criaram um nome para descrever as economias emergentes mais promissoras do mundo - Bric. A sigla reunia numa só palavra a diversidade de quatro nações: Brasil, Rússia, Índia e China. 'Se tudo correr bem, a China poderá se tornar a maior economia do mundo em 2041; a Índia, a terceira em 2035; e o PIB combinado dos Brics poderá exceder o dos países mais ricos em 2041', dizia um relatório do banco, de 2003. Das quatro economias, duas têm chamado mais a atenção de investidores e analistas. Uma, como todos devem imaginar, é a China. A outra, porém, representa uma novidade nas discussões sobre globalização. Trata-se da Índia.
Nos últimos 23 anos, o PIB indiano tem crescido em média 5,7% ao ano. Em pouco mais de duas décadas, a economia triplicou em termos reais. Especialistas estimam que, em 2025, o PIB indiano represente 11% da economia global. A Índia ainda é um país pobre - com renda per capita de US$ 620, contra US$ 3.090 no Brasil. Mas o exemplo indiano tem sido considerado uma inovação em termos de desenvolvimento econômico. O país foi a maior estrela do último Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, Suíça, no final de janeiro. 'Estamos aqui para anunciar a chegada do empreendedor global indiano', disse no evento Nandan Nilekani, executivo-chefe da Infosys. A empresa, cujo faturamento no ano passado atingiu US$ 2 bilhões, é um dos melhores casos indianos de sucesso. A Infosys é uma das potências no setor de terceirização de tecnologia da informação, área em que o país há anos virou referência mundial. Quando Nilekani alardeou em Davos o slogan 'A Índia em toda parte', estava anunciando uma nova fase no modelo indiano. Agora, além de fornecer mão-de-obra barata e bem treinada para empresas transnacionais que se instalam no país, as próprias companhias indianas querem se instalar no exterior. Em uma palavra, a 'India Inc.' quer conquistar o mundo.

Como foi possível para um país com mais de 300 milhões de pessoas que vivem com apenas US$ 1 por dia e com 39% de analfabetos conquistar um lugar de destaque no ramo mais moderno e dinâmico da economia? O que a Índia fez que o Brasil não fez?

Com uma população gigantesca, comparável à da China, o país não oferece apenas mão-de-obra barata para as linhas de montagem de manufaturas ocidentais - embora isso também exista. Os indianos oferecem ä cérebros, não mãos. Foi graças a esses cérebros que a Índia conseguiu abocanhar US$ 18 bilhões dos US$ 30 bilhões que o mercado global de serviços terceirizados de tecnologia da informação distribui pelo mundo, fora dos países desenvolvidos - o Brasil mal exporta US$ 300 mil em software. O ritmo de crescimento dessa terceirização também é muito rápido. Enquanto o mercado geral de tecnologia cresce entre 10% e 15% ao ano, o de serviços terceirizados no exterior cresce 40% ao ano. O próximo passo é estender esse modelo de serviços baseados em conhecimento para outras áreas além da tecnologia da informação.Marcelo Musa Cavallari

Leia na Época matéria de 16/02/2006

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Leia na BBC

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