domingo, 25 de janeiro de 2009

Sim, eles podem

Por Arlindo Montenegro

Reúnem-se há séculos e decidem como os imperadores romanos, que mostravam o polegar apontado para cima ou para baixo, concedendo a vida ou determinando que o gladiador sangrasse o escravo ali mesmo, naquele instante. A galera urrava de prazer!

Que nem hoje: os caras determinam apontando o dedo médio para cima onde e como os que lutam pelo pão de cada dia devem morrer: na fila do SUS, no acidente de trânsito, de bala perdida, na guerra do dia a dia, queda de avião, desinteria em navio, teto que desaba, fome, enchente, insolação...

Por trás de cada modalidade acidental é possível divisar aquele dedo médio dos governantes. Os da terceira idade podem atestar que, desde a infância, ouvem falar das reuniões dos líderes das grandes nações na ONU, OEA e uma carrada de organizações poderosas, para "salvar" o mundo, para discutir o que fazer contra a fome e a miséria, a ignorância e a guerra, a produção de alimentos e a cura do câncer. Para decidir sobre o uso da riqueza acumulada e exploração dos recursos naturais. Para decidir como direcionar a natureza humana.

Ano após ano eles criam novas diretrizes e normas internacionais, financiam ONGs, Institutos, Fundações, Centros de Pesquisa, Movimentos Sociais, Igrejas, Clubes que mobilizam fortunas incalculáveis e acabam sempre fazendo referência aos "recursos escassos". Insuficientes para alimentação, saneamento, moradias, saúde, educação, transportes, calçados... exceto para novas guerras.

De repente vem a notícia de bilhões aplicados em armas, viagens espaciais, construção de palácios monumentais e esta pasmaceira de crise na economia! Do nada surgem bilhões para salvar bancos e empresas. Os governantes revelam mais que depressa a existência de um tesouro com recursos impressionantes. Só se ouve falar em bilhões, trilhões e no eleito para salvar o planeta dizendo "Yes! We can!"

Sem dúvida, eles sempre puderam e vão continuar poderosos. Passam apenas por uma re-arrumação de critérios para a nova etapa de liderança e controle. De modo que os que estamos na "terceira idade" podemos voltar à infância e perceber com olhos de criança, as fantasias deste circo imperial, não mais restrito ao Coliseu Romano e sim presente em cada ilha criada, para abrigar os grandes controladores da economia e seus fiéis gladiadores, a postos em cada governo das províncias espalhadas pela terra.

Estas observações vão ficar registradas no Alerta Total, diferente do jornalismo que dá tapinhas nas costas, justifica e afaga cada sandice governamental, ministerial, legislativa, judiciária, que não cumpre com a missão essencial de instaurar o Estado Democrático de Direito, ordenando as liberdades individuais e de grupos da sociedade na direção do bem comum, a partir da socialização primária.

A liderança política legítima visa ao bem comum. O governante legítimo pode ter qualquer título – eleito ou rei – com autoridade para administrar e atender as exigências do bem comum, ordem e paz. Assim o poder do governante legítimo é limitado e os vários grupos sociais, minorias, em qualquer ramo de atividade têm a liberdade de decidir e tomar iniciativas, nos limites dos objetivos nacionais.

Hoje, não sabemos que objetivos nacionais mobilizam os brasileiros. Os árbitros de cada movimento de cada grupo social no Brasil, ultrapassaram todas as barreiras da autoridade legítima. Nossos oligarcas atuam em licenciosidade desenfreada, para atender diretrizes da nova ordem mundial. Os controladores mandam, os áulicos daqui obedecem e exercem a tirania que nos obriga a pagar os juros mais altos pela sobrevivência. Recursos que são amealhados nas cavernas de Ali Baba ocultas nas ilhas fortaleza dos banqueiros internacionais.

Por que o município é incapaz de decidir o que fazer? Por que a professorinha é impedida de ensinar as operações fundamentais, leitura e escrita no primeiro grau escolar? Milhares de porquês perpassam as mentes dos brasileiros. E a resposta é secular: "recursos escassos". Hoje mais que nunca, todos dependem da corrupção instaurada pelo poder central para cujos membros não faltam recursos.

As liberdades essenciais foram desfiguradas de tal maneira, que a pluralidade partidária admite mesmo a existência de partidos políticos cujos programas e ideologias conduzem à supressão de todas as liberdades, reforçando a permissividade e o crime em suas mais violentas manifestações. O Estado refere as idéias humanas como liberdades individuais sem um fim transcendental, sem objetivo definido para o bem comum. Assim temos de conviver com o monstruoso gigantismo de um Estado que avança para o totalitarismo.

Um Estado que ergue o dedo médio para a Nação e obriga a todos os que trabalham, a pagar para o tesouro dos que estão de barriga cheia. Ou nos mobilizamos para exigir a responsabilidade e modificar a podridão institucional ou temos de admitir que jogamos ao lixo as crenças herdadas dos ancestrais e a mesma crença em Deus e nas possibilidades humanas positivas. Eles podem. E nós, ainda podemos querer poder?

Arlindo Montenegro é Apicultor.
 
Sim, eles podem  do Alerta Total